Metamorfose Era apenas lagarta, presa ao chão, com olhos pequenos e sonhos guardados, devorava folhas e silêncios, sem saber que crescia. Dentro de si, um chamado sussurrava: "há algo mais..." Mas o mundo ainda era baixo, e o céu, só um boato distante. Veio então o casulo — escuro, apertado, solitário. Morreu ali o que ela conhecia de si mesma. Não era castigo, era parto. Silenciosamente, o tempo teceu asas. E quando tudo parecia fim, ela se abriu para o voo. Agora é borboleta: leve, colorida, inteira. Não porque fugiu da dor, mas porque se permitiu atravessá-la.